A decisão pelo retorno das aulas presenciais é uma das muitas questões referentes à educação e ao trabalho docente em que opinamos, mas, sabemos bem, depende muito mais da dimensão macro que envolve fatores sociais, econômicos, culturais do currículo e do cotidiano escolar, do que do nosso posicionamento. Nesse momento, ainda, da dimensão sanitária… Bem, isso por si só dá um bom debate.
Fica aqui registrado que não estamos dizendo que esse tipo de discussão não cabe a nós, professores(as). Estamos, sim, provocando reflexões sobre o que pode ser papel exclusivo nosso, ok?
E nosso trabalho docente realizado desde março é um bom tema para mais uma conversa…
DISTÂNCIA TRANSACIONAL: CONCEITO ATUAL
Nesse momento de pandemia, o ensino remoto tem sido uma ação fundamental e esse sim, é um assunto diretamente relacionado com o nosso fazer diário, com nossos desejos, nossas opiniões, nossa vontade, nossas possibilidades.
Para falar sobre isso, voltemo-nos em um conceito bastante atual, fundado por Moore (2002) e Moore e Kearsley (2008): o de distância transacional.
Os autores apresentam a teoria da distância transacional, cuja ideia básica está em afirmar que a distância consiste em um fenômeno pedagógico, e não simplesmente em uma questão de distância geográfica. Assim, a distância representa “[…] o hiato de compreensão e comunicação entre os professores e alunos causados pela distância geográfica que precisa ser suplantada por meio de procedimentos diferenciadores na elaboração da instrução e na facilitação da interação” (2008, p.240).
A partir das várias formas de interação e o uso de tecnologias na promoção das mesmas, temos que a dimensão comunicacional da educação se destaca como ação integradora e transformadora. Freire (1996) afirma que é indispensável que, para o ato comunicativo ser eficiente, haja um acordo entre os sujeitos comunicantes, de forma que a linguagem de um seja percebida dentro de um quadro significativo comum ao outro.
Está claro que há aqui, a defesa de uma tendência conceitual mais interacionista que, segundo a teoria, se faz no diálogo entre os integrantes do processo educativo, na estrutura referente à organização e aos meios para o ensino e na autonomia do estudante.
AS ESCOLAS NÃO ESTÃO FECHADAS
Diante das inúmeras iniciativas que tomamos conhecimento pela TV ou pela internet, fica evidente para nós, professores(as), que a presença pedagógica tem ocorrido e, ainda, com inovação.
Não estar presente em uma sala de aula física, ou seja, em uma escola aberta convencionalmente, não quer dizer que não estejamos dando aulas e que as aprendizagens não ocorram. Os tempos são outros, não é mesmo? E a educação de hoje precisa ser a do agora. Essa necessidade nunca foi tão atual.
Pensemos… Professor indo até o estudante no interior para atendimento individual. Canais abertos de TV transmitindo aulas expositivas. Escola oferecendo material impresso para aqueles que não possuem conectividade. Comunidades de práticas na internet. Grupos de WhatsApp…
Não conseguimos elencar todas, afinal são muitas as iniciativas. O fato é que, nós, professores(as), não temos deixado as escolas “fechadas”!!!
Referências
MOORE, Michael G., KEARSLEY, Greg. Educação a distância: uma visão integrada. São Paulo: Cengage Learning, 2008.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra (Coleção Leitura), 1996.