Na escola o currículo é norteador e, de diferentes maneiras, regulador do processo educativo. Mais que conjunto de conteúdos e disciplinas, ele é entendido na perspectiva de trajetória definida como aquela que, seguindo documentos da educação e princípios da garantia de direitos do humano, forma o indivíduo pela/na/da/com a escola.
O currículo pode se apresentar em um formato inovador, mas, também, pode ser permeado de regras, normas, tradições. Se faz, assim, em um processo que apresenta conexões e questões determinantes para a vida e para a formação do educando.
O professor é parte integrante do currículo escolar. Não a única, obviamente, mas, na
perspectiva do seu trabalho de mediador, como alguém decisivo para a produção de um currículo escolar emancipador, crítico e contextualizado.
Não é possível ao professor apenas reproduzir o currículo, dado que ao ser vivenciado, diferentes práticas, usos, consumos e saberes são produzidos. Nessa produção do/com o cotidiano, cabe ao profissional docente lidar com saberes, atitudes, informações, valores, conhecimentos, práticas, competências e assim produzir práxis pedagógica condizente com a comunidade escolar e com o projeto de formação defendido ali. Cabe a ele, também, atuar nos conflitos e reorganizar os conceitos e possíveis atravessamentos que surgem nas relações com o outro, com o conhecimento e consigo mesmo. Somos, acima de tudo, seres humanos sociais que se fazem com os outros também na escola.
Currículo. Uma das suas características estruturantes é ser plural. Com isso, pode (e deve) ser adaptável a cada estudante que com conhecimentos prévios e estilos de aprender únicos, produz sua própria trajetória de formação.
Daí também chegamos na necessidade de flexibilidade no currículo, principalmente quando ele caminha para a emancipação da comunidade estudantil a partir da realidade singular de cada um.
Entendemos que tanto a valorização dos conhecimentos prévios de uma criança ou jovem quanto o uso de metodologias adequadas favorecem a formação de indivíduos com maior autonomia para a tomada de decisões. A partir de problematizações, contextualizando os temas das aulas com as realidades vividas e buscando alternativas que garantam as aprendizagens para as diferentes pessoas que compõem uma sala de aula, um com o outro e todos com os conhecimentos, estamos propondo ações engajadoras e aprendizagens.
Como diz Paulo Freire (1996, p. 26), “Ensinar exige respeito à autonomia do ser educando. […] Saber que devo respeito à autonomia, a dignidade e à identidade do educando e, na prática, procurar a coerência com este saber, me leva inapelavelmente à criação de algumas virtudes ou qualidades”.
No respeito ao outro como legítimo e na busca constante de meios que gerem as aprendizagens, estamos nós, professores e professoras, produzindo currículos que buscam formar pessoas, cidadãos de direito, esclarecidos, críticos, protagonistas e emancipados nas esferas cultural, econômica, social, enfim, na esfera humana!
Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. 25ª edição.