(4 de agosto de 2020)
Esse momento de pandemia define o novo cotidiano do ser humano. Já parou para pensar que a escola adentrou os lares de uma maneira até então nunca vivida e que agora, as práticas educativas contam com uma mediação ainda mais presente dos pais e/ou responsáveis?
E, a escola precisa se fazer presente na vida do estudante, mantendo o vínculo. Com um cuidado necessário, a pedagogia da presença ameniza certos danos causados por esse atípico “normal”. E, nesse contexto, quando um responsável acompanha a realização das atividades remotas de uma criança percebe os domínios de conhecimento e vive uma troca de aprendizagens, rememorando, quem sabe, saberes que ele já esqueceu. Percebe a possibilidade deste encontro em tempos difíceis mas de aprendizados compartilhados. E, então a realização da atividade pode se tornar especial e de trocas potentes dentro de casa. É importante que não haja cobranças e que, se possível, sejam definidas rotinas para garantir um aprendizado prazeroso para todas as pessoas da família.
Sem a presença física do professor, aqueles que estão dentro de casa e mais próximos das crianças assumem a mediação. Mesmo sem saber os impactos dessa ação na formação das crianças, geram novos processos de aprendizagem por meio do que Vygotsky (2007) chama de apropriação e transformação de conhecimentos, que ocorre na atividade mediada, na relação com os outros.
Situações diferentes, conflituosas, que requerem organização, disciplina, mas acima de tudo, sentimentos fraternos. Em cada lar da sua maneira, vamos seguindo. Podemos falar que, apesar das perdas significativas que teremos em relação às aprendizagens dos conteúdos prescritos nos currículos para cada ano/série da educação formal, tantos outros sentidos para os conhecimentos e para a aprendizagem estão constantemente em construção no convívio familiar.
E, além disso, o quanto a aprendizagem, principalmente de crianças, se dá por meio do exemplo. Ao convidar um filho a ajudar nas atividades domésticas também se está ensinando princípios e valores importantes para a sua formação. São muitas as aprendizagens cotidianas, de vida, e que podem ser advindas deste momento de pandemia.
Então por que não explorar? Há na troca, entre criança e adulto, muitos saberes, vários ensinamentos, diferentes aprendizados. Ao fazer um bolo, ao regar uma planta, ao assistir a um vídeo na internet, ao limpar a casa, tudo pode ser explorado, e isso é lindo.
Antes de tudo, que esse seja um tempo de estar JUNTOS em casa. Na potência do ensinar e do aprender, no mediar a vida um do outro, os segredos para deixar o distanciamento social da porta de casa para fora. É disso que precisamos nesse momento.
